10/03/2009

E ainda tem gente achando que CQC "é tipo Pânico"

A segunda temporada do Custe o Que Custar (CQC) Brasil estreou ontem e mostrou que tem fôlego para mais um ano inteiro de muito conteúdo de qualidade. Sucesso de crítica e relativo sucesso de audiência - os índices de audiência da Band dobraram devido ao programa- o CQC se firmou como um dos melhores programas da TV Aberta em 2008 - se não o melhor. 

No entanto, muita gente ainda torce o nariz para o programa - liderado pelo veterano jornalista e ator Marcelo Tas - , devido a ingenuidade de pensar que o CQC é "tipo o Pânico na TV". Não, não é. Muito pelo contrário, são dois formatos e propósitos diferentes. O Pânico na TV, oriundo do pai radiofônico, veio com a idéia de desmistificar as (sub)celebridades. Vez ou outra, topavam com políticos e zoavam com os mesmos. O objetivo do Pânico é mostrar aos famosos que eles são como nós, anônimos, e que a vida (e a mídia) não é feita só de glamour.

O CQC, por sua vez, também lança mão desse argumento, mas não é seu mote principal. Enquanto o Pânico investe em um entretenimento inofensivo, fazendo-se de um Programa Amauri Jr versão aloprada, o CQC faz um jornalismo aloprado. Apesar de ser um programa de entretenimento, o CQC cumpre um papel social típico do jornalismo - característica que falta ao Pânico.

Ao invés de tentar calçar as sandálias da humildade nos pés de Luana Piovani, o CQC prefere ser uma pedra no sapato dos políticos em Brasília. Os repórteres abusam da liberdade da qual está condicionada a linha editorial do programa e fazem perguntas pouco polidas de uma forma que outro jornalístico não faria. Coisas do tipo "Tão dizendo aê que o senhor roubou, é verdade? Se for, me dá cem real aê, pô!". Pode não ser a melhor forma, jornalisticamente falando, de abordar uma fonte para a matéria, mas fato é que suas pautas e coberturas cumprem o papel do jornalismo como fomentador do debate público.

Ontem, por exemplo, estreou o ótimo quadro "Fala na Cara", com participação da figura polêmica de Paulo Maluf. O deputado ficou dentro de uma van junto com o repórter Felipe Andreoli enquanto o outro repórter, Oscar Filho, abordava uma pessoa qualquer na rua e a perguntava que ela achava sobre Maluf. O deputado, com uma escuta instalada dentro do veículo, teve de ouvir comentários pouco amistosos dos cidadãos paulistanos. Após a "apreciação", Maluf saía da van e a pessoa teria que repetir o que ela disse, mas agora, na cara do Maluf que, com bom humor, se defendia das acusações. Quem não viu, dá uma olhada.



Aproveitando a deixa, vale dizer que muitos políticos - inclusive o presidente Lula- já aprenderam a respeitar o programa, pois sabem que ali o deboche é sério. Os repórteres estão de olho, mesmo munidos dos tradicionais óculos escuros, e não estão dispostos a criticarem defeitos físicos nem a roupa de políticos e personalidades. O buraco que a turma do CQC cava para seus entrevistados é muito mais embaixo. E quem ganha somos nós.

CQC - todas as segundas-feiras, às 22h15, na Band

Reprises aos sábados, às 20h.

Vídeos de edições passadas no site oficial.

8 comentários:

Unknown disse...

Cara. Eu amo CQC e vc disse tudo. Uma pena que as pessoas ainda relacionam o programa com o Panico.

E esse video do maluf com a música do poderoso chefão? huauahuahua

Fábio disse...

O humor quando bem arquitetado é o melhor meio de se fazer uma crítica política e social que possa ser compreendida por todos. Não é a toa que o Marcelo Tas quer q o seu CQC seja um Pasquim na TV. Propostas assim são sempre bem vindas.

Anônimo disse...

saiam dos convidados meia boca da Hebe, do sem cultura BBB e dos filmes bobocas da globo e sintonizem no CQC. Sua noite merece mais.

caroletta disse...

No horário é o unico programa que presta, junto com o show de entrevistas do João Gordo, na MTV q é fantástico tbm. Fico sempre zapeando entre um e outro.

Anônimo disse...

sou argentino e posso afirmar que o cqc brasileiro é melhor do que o argentino. No começo, a versão original, de meu país, ficava enchendo a paciência dos governantes, no entanto, hj, o governo é o principal anunciante do programa. Espero que não aconteça isso com o cqc brasileiro já que Lula é tão amigo dos caras.

Anônimo disse...

CQC não é meu programa favorito e nunca será, mas entendo o propósito e tenho que concordar com você qdo diz q o programa cumpre o papel jornalistico enquanto que mtos veículos da imprensa deixam a desejar.

caroletta disse...

rafaela, corrige ai "veterano"

Rafaela Freitas disse...

valeu, carol! corrigido! :)