
O CQC, por sua vez, também lança mão desse argumento, mas não é seu mote principal. Enquanto o Pânico investe em um entretenimento inofensivo, fazendo-se de um Programa Amauri Jr versão aloprada, o CQC faz um jornalismo aloprado. Apesar de ser um programa de entretenimento, o CQC cumpre um papel social típico do jornalismo - característica que falta ao Pânico.
Ao invés de tentar calçar as sandálias da humildade nos pés de Luana Piovani, o CQC prefere ser uma pedra no sapato dos políticos em Brasília. Os repórteres abusam da liberdade da qual está condicionada a linha editorial do programa e fazem perguntas pouco polidas de uma forma que outro jornalístico não faria. Coisas do tipo "Tão dizendo aê que o senhor roubou, é verdade? Se for, me dá cem real aê, pô!". Pode não ser a melhor forma, jornalisticamente falando, de abordar uma fonte para a matéria, mas fato é que suas pautas e coberturas cumprem o papel do jornalismo como fomentador do debate público.
Ontem, por exemplo, estreou o ótimo quadro "Fala na Cara", com participação da figura polêmica de Paulo Maluf. O deputado ficou dentro de uma van junto com o repórter Felipe Andreoli enquanto o outro repórter, Oscar Filho, abordava uma pessoa qualquer na rua e a perguntava que ela achava sobre Maluf. O deputado, com uma escuta instalada dentro do veículo, teve de ouvir comentários pouco amistosos dos cidadãos paulistanos. Após a "apreciação", Maluf saía da van e a pessoa teria que repetir o que ela disse, mas agora, na cara do Maluf que, com bom humor, se defendia das acusações. Quem não viu, dá uma olhada.
Aproveitando a deixa, vale dizer que muitos políticos - inclusive o presidente Lula- já aprenderam a respeitar o programa, pois sabem que ali o deboche é sério. Os repórteres estão de olho, mesmo munidos dos tradicionais óculos escuros, e não estão dispostos a criticarem defeitos físicos nem a roupa de políticos e personalidades. O buraco que a turma do CQC cava para seus entrevistados é muito mais embaixo. E quem ganha somos nós.
CQC - todas as segundas-feiras, às 22h15, na Band
Reprises aos sábados, às 20h.
Vídeos de edições passadas no site oficial.
8 comentários:
Cara. Eu amo CQC e vc disse tudo. Uma pena que as pessoas ainda relacionam o programa com o Panico.
E esse video do maluf com a música do poderoso chefão? huauahuahua
O humor quando bem arquitetado é o melhor meio de se fazer uma crítica política e social que possa ser compreendida por todos. Não é a toa que o Marcelo Tas quer q o seu CQC seja um Pasquim na TV. Propostas assim são sempre bem vindas.
saiam dos convidados meia boca da Hebe, do sem cultura BBB e dos filmes bobocas da globo e sintonizem no CQC. Sua noite merece mais.
No horário é o unico programa que presta, junto com o show de entrevistas do João Gordo, na MTV q é fantástico tbm. Fico sempre zapeando entre um e outro.
sou argentino e posso afirmar que o cqc brasileiro é melhor do que o argentino. No começo, a versão original, de meu país, ficava enchendo a paciência dos governantes, no entanto, hj, o governo é o principal anunciante do programa. Espero que não aconteça isso com o cqc brasileiro já que Lula é tão amigo dos caras.
CQC não é meu programa favorito e nunca será, mas entendo o propósito e tenho que concordar com você qdo diz q o programa cumpre o papel jornalistico enquanto que mtos veículos da imprensa deixam a desejar.
rafaela, corrige ai "veterano"
valeu, carol! corrigido! :)
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